
Raphael Fava
Raphael Fava, 1982, Volta Redonda.
A prática pictórica de Raphael se insere no campo do abstracionismo gestual, onde a investigação da materialidade da pintura transcende a superfície e se desdobra em um campo expandido de gestos, texturas e pulsões cromáticas. Sua trajetória entre os centros urbanos de São Paulo e Rio de Janeiro, em contraste com o retorno à sua cidade natal, Volta Redonda, desenha um tensionamento entre paisagens físicas e afetivas que reverbera na construção de sua poética visual.
O artista articula uma linguagem pictórica em que a espontaneidade do traço e a construção meticulosa de camadas se encontram, instaurando um diálogo entre controle e fluxo, presença e dissolução. O pictórico emerge como ferramenta de investigação, operando como um campo de forças onde a cor, a matéria e o gesto ativam narrativas abstratas que interpelam o olhar do espectador.
Suas composições evocam atmosferas táteis e imersivas, onde a sobreposição de veladuras e a gestualidade do traço instauram dinâmicas de ritmo e profundidade. Ao explorar os limites entre estrutura e desintegração, Fava cria um eixo visual que tensiona a relação entre o indivíduo e seu meio, instaurando um território pictórico em constante processo de desdobramento e ressignificação.